terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sobre o Fim da Europa

Sem nunca ter feito esta distância, depois de duas semanas de choco absoluto e a recuperar de uma infecção respiratória, fazer os 17 km de subidas e descidas parecia-me missão para loucos. Único objectivo: começar e terminar sem parar de correr.


Parti sem relógio, sem música, sem objectivos definidos, propositadamente sozinha entre uma multidão de desconhecidos, e o que tirei desta prova é muito maior do que alguma vez esperei. Eu, que sempre odiei correr, ADOREI cada quilómetro.


Adorei o nervosinho da partida e adorei a energia estonteante da chegada. Adorei as descidas mas adorei ainda mais as subidas. Adorei o nevoeiro, as paisagens e o vento. Senti-me inspirada pelos atletas mais rápidos que eu, e uma grande empatia pelos que estavam em maiores dificuldades. Adorei que as minhas mãos não tivessem inchado, que o meu ombro não tivesse doído e só ter feito uma bolha Adorei não ter maldito a minha vida uma única vez durante o percurso - em vez disso senti-me afortunada por poder correr. Fiquei estupefacta quando aos 12 quilómetros passou por mim (e com que velocidade!) um atleta a correr descalço. Adorei os incentivos de perfeitos estranhos ao longo da estrada e adorei incentivar outros desconhecidos com quem me fui cruzando. Senti-me eufórica quando finalmente vi o farol do Cabo da Roca lá ao fundo. E adorei encontrar na chegada as caras amigas de quem me diz tanto. Maior vitória de todas: correr com prazer.

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