Comer às escondidas

Há velhos vícios que custa muito quebrar. Atitudes que não conseguimos justificar ou encontrar-lhes o início.
Ao longo do tempo uma das grandes provas de que a minha relação com a comida não é a mais saudável é o facto de me esconder para comer.

Sim, ainda em adolescente e com um peso muito satisfatório eu tinha vergonha que me vissem comer porcarias. Na minha cabeça achava que se me vissem comer pensariam: olha aquela gorda que nem se enxerga pois continua a comer que nem uma lontra. Tinha muita vergonha mesmo.

Isso levou a duas outas situações. Por um lado comer rápido (para que ninguém me visse) e por outro comer tudo (nem que tivesse de despachar um pacote de bolachas de uma vez, como aconteceu anteontem). Só assim não deixaria vestígios da minha "culpa".

Por isso me identifico muito com a Lilith (A Vida é Bela e a Cerveja é Amarela), porque ela sabe muito bem o que é comprar comida de propósito para nos escondermos a comer e a culpa que vem depois.

Melhorei muito estes comportamentos no sentido em que são menos frequentes (também porque estou mais consciente). Mas de vez em quando eles continuam a acontecer.

Por exemplo, se por acaso cedo à tentação de comprar, uma embalagem de donuts no supermercado, tento despachá-los todinhos antes do meu namorado chegar a casa. Não por não querer partilhar com ele (adoro partilhar tudo com ele) mas porque tenho vergonha de ter cedido à tentação. Por isso como, rápido, e depois escondo as provas.

Recorro a vários truques na tentativa de eliminar este comportamento da minha vida: tento não comprar doces no supermercado porque as doses são demasiados grandes para comer de uma vez (mais vale comprar um gelado no café que uma caixa de 1 litro no supermercado), tento reservar os doces para quando estou acompanhada, evitando assim comer sozinha às escondidas e por último tento assumir os meus erros.

Esta semana não foi nada famosa. Foi um grande retrocesso no meu exercício e na minha alimentação. Mas não escondi nada, nenhum dos meus erros. Tudo o que comi foi e vai continuar a ser publicado aqui.

Mesmo que me sinta envergonhada por ser fraca, por não conseguir comprometer-me com um objectivo.

Não pretendo ser exemplo para ninguém. Em quase 2 anos de luta apenas perdi pouco mais de 6 kg.

Mas ganhei muito também. São pequenas vitórias que vão mudando a minha vida. Comer de forma mais consciente e cuidada, ter a noção de que é isso que quero para sempre, controlar muito melhor as minhas compulsões, tratar e gostar mais de mim.

E com isto tudo deixo a minha alimentação de ontem que basicamente foi dominada pelo pensamento "perdido por cem, perdido por mil" que tantas vezes tem feito estragos.

07h30 - 1 fatia grande de pão de trigo saloio + margarina magra + fiambre de perú
           - 1 copo de leite magro (muito melhor assim tomando o pequeno almoço em casa)

11h00 - 1 copinho de fruta à colher (estava a tentar encontrar uma imagem para mostrar o que é, mas não estou a achar)

12h30 - arroz de pato + alface (azeite e vinage)

16h30 - 1 iogurte magro sólido

18h30 - carne de vaca grelhada + arroz + feijão freto + alface (azeite e vinagre) refeição fora, exagerei na quantidade
           - 1 copo de cola light

22h00 - 1 fatia de bolo de chocolate

02h00 - 1 pedaço de queijo (insónias)